domingo, 8 de agosto de 2010

Pai


Não vejo modo melhor de expressar o inexplicável. Palavras não são tudo, mas ajudam
e clareiam algumas coisas. Aqui vai mais uma cartinha para sua coleção,agora com um pouco mais de conhecimento e muito menos erros ortográficos, mas não menos sinceridade. Pois em dias como esse a ausência de culpa de ambos fica mais clara.
A minha gratidão muitas vezes se mostrou torta, e aos trancos e barrancos chegamos aqui, com toda nossa semelhança embrulhada em nossas muitas diferenças, somos tudo aquilo que fizemos da nossa vida. E muitas vezes não fazemos da vida exatamente aquilo que somos, em essência. Mas somos seres humanos e mesmo que haja erros, não somos apenas genética, somos antes de tudo pai e filha. E eu sei que somos muito, você é ainda mais, você é tudo pra mim. Não quero mudar nenhuma embalagem, quero abraçar o conteúdo, e você é um livro gigante cheio de histórias legais e conhecimento que toda noite eu leio um pouquinho, sem contar para ninguém. Afinal, ninguém mais precisa saber a não ser nós, e eu sei que você sabe, e você sabe que eu sei. O amor maior da vida está ali, sentado na oficina, tocando violão no quarto, deitado assistindo tv, esperando
apenas algum sinal, pronto para estender as mãos a qualquer hora. Esse caminho não é meu, esse caminho é nosso, porque fui eu que caminhei, mas você foi na frente abrindo os caminhos até aqui. Obrigada por tudo e por muito mais.
Feliz dia dos pais

[Camila Fonseca]

segunda-feira, 2 de agosto de 2010




De mais a mais, eu não queria mesmo. Seria preciso forjar climas, insinuar convites,
servir vinhos, acender velas, fazer caras.Todas aquelas coisas novamente. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si.Não velejou.E eu estava cansada de ficar sentada na ponta daquele barco tentando remar contra a maré. Em seguida vieram o tempo,a distância e o peso dos perdões mal resolvidos, aqueles que a gente vai colocando pra baixo do tapete até não dar mais.São as meias verdades que sobram, e que é melhor a gente guardar para nós mesmo. Ás vezes porque não sabemos como dizer, às vezes porque não sabemos como serão ouvidas.Mas eu não posso negar que tenho saudades daquele tempo,e de alguém que tem a vida inesperadamente misturada à minha, e que olhava minha vidraça opaca com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava. Mas é assim, coisas e pessoas que tem sempre um tapete para esconder as mágoas, com o tempo se perdem, definham-se. Porque ninguém é dono de ninguém, por mais que sejam nossas as verdades. Assim, abrem espaço para novos sentimentos e se vão.

[Camila Fonseca]