segunda-feira, 2 de agosto de 2010




De mais a mais, eu não queria mesmo. Seria preciso forjar climas, insinuar convites,
servir vinhos, acender velas, fazer caras.Todas aquelas coisas novamente. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si.Não velejou.E eu estava cansada de ficar sentada na ponta daquele barco tentando remar contra a maré. Em seguida vieram o tempo,a distância e o peso dos perdões mal resolvidos, aqueles que a gente vai colocando pra baixo do tapete até não dar mais.São as meias verdades que sobram, e que é melhor a gente guardar para nós mesmo. Ás vezes porque não sabemos como dizer, às vezes porque não sabemos como serão ouvidas.Mas eu não posso negar que tenho saudades daquele tempo,e de alguém que tem a vida inesperadamente misturada à minha, e que olhava minha vidraça opaca com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava. Mas é assim, coisas e pessoas que tem sempre um tapete para esconder as mágoas, com o tempo se perdem, definham-se. Porque ninguém é dono de ninguém, por mais que sejam nossas as verdades. Assim, abrem espaço para novos sentimentos e se vão.

[Camila Fonseca]

2 comentários:

  1. Não existe fim. Você sempre poderá sacudir, limpar, jogar fora o tapete, se perder e se achar em outro lugar! Só falta um passo...

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  2. Nossa..."E eu estava cansada de ficar sentada na ponta daquele barco tentando remar contra a maré"...

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